Algumas pessoas deixam rastros. Outras deixam raízes. Em Um Paisagista Sem Fronteiras, Raul Cânovas revela uma vida moldada não por mapas, mas por jardins: territórios onde cada planta carrega uma memória e cada canteiro esconde uma história. Filho e neto de paisagistas, aprendeu cedo que terra não é só chão: é palco de encontros, de recomeços e de beleza cultivada com paciência. Neste livro, ele cava fundo na própria trajetória, até encontrar a semente de onde tudo brotou.

A narrativa se espalha como trepadeira por muros da infância, curvas de estradas percorridas, cursos ministrados e amizades florescidas. Há erros que viraram adubo, ausências que cresceram como árvores solitárias e amores que, como orquídeas, demandaram sombra e espera. Raul transforma o ofício em filosofia: mostra que o paisagismo é menos sobre combinar espécies e mais sobre escutar silêncios, prever ventos, acolher o imprevisível. Entre o gesto técnico e o toque intuitivo, ele planta ideias e colhe histórias.

Este livro não se lê com pressa. Ele pede o mesmo tempo de uma muda nova: leitura cuidadosa, olhar atento, espaço para germinar dentro do leitor. Em vez de um currículo ilustrado, Raul oferece um mosaico vivo de experiências, narrado com a leveza de quem rega o passado sem nostalgia. Um Paisagista Sem Fronteiras é memória em flor, é biografia com cheiro de terra molhada. Ao fechar o livro, a sensação não é de ponto final, mas de que algo começou a crescer em você também.