Lima Barreto escreve em um momento de grande prestígio da atividade intelectual. A fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, foi um dos marcos dessa valorização. Recordações do Escrivão Isaías Caminha mostra outra visão dos intelectuais, retratados como seres mesquinhos e movidos por ambições pessoais. A época em que Lima Barreto se desenvolve como escritor é imediatamente posterior à abolição da escravatura. Trata-se de um momento no qual a condição social do negro é vista ainda com certa desconfiança e a liberdade conseguida se mostra bastante fragilizada pelo preconceito racial arraigado. A trajetória de Isaías Caminha encerra um dilema interessante: de um lado, a simpatia pelos famintos; de outro, o terror de se tornar um deles. A primeira postura o leva ao Rio de Janeiro, em busca de estudo e de uma formação que lhe permita lutar pelos desvalidos. Seu projeto humanitário é, no entanto, frustrado pela própria sociedade, que o impede de levá-lo adiante ao não lhe conceber oportunidades em função de sua condição de mulato. Sem saída, Isaías cai no pânico da fome, tornando-se alguém capaz de fazer qualquer coisa para sobreviver, o que o levará à ambição desmedida e à presunção orgulhosa. Desse modo, o livro se coloca como denúncia do preconceito, mas não apenas sob o prisma de seus desdobramentos sociais, mas abordando também o que ele pode provocar na formação do caráter.
Código: |
148112 |
EAN: |
9786586588552 |
Peso (kg): |
0,100 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
0,90 |
Especificação |
Autor |
Lima Barreto |
Editora |
GARNIER EDITORA |
Ano Edição |
2020 |
Número Edição |
2 |