Fernando Pessoa, um dos maiores poetas modernos, pouco faz para ampliar a fama de seu nome, e, sem contar com um reconhecimento à altura de sua obra, submerge em dificuldades financeiras. Ele surpreende a irmã, com quem mora, candidatando-se a uma vaga modesta de emprego, descoberta num jornal. O anúncio procura um datilógrafo para José Américo, crítico literário que justamente prepara uma conferência sobre Pessoa. A fim de oferecer-se à tarefa, o poeta radicaliza uma arte que já exercitava: ele concebe um “heterônimo vivo” – desta vez, não um autor imaginariamente criado, mas um personagem visível, que é necessário interpretar. Como “Jorge Madeira”, e mentalmente visitado por suas outras criações (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis), ele se lança a uma experiência que tanto faz rir como faz pensar. O Fingidor, peça que consagrou Samir Yazbek e lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Autor, tematiza com lirismo o que há de ficção até mesmo na realidade mais prosaica.