Na penumbra das vielas de Roma, entre barris de vinhos, sedas e especiarias, circula uma mercadoria invisível aos olhos comuns: o desejo. O Mercador de Afrodisíacos segue os passos de um homem que conhece os segredos que brotam da terra — raízes que excitam, folhas que iludem, flores que envenenam. Ele não vende apenas misturas; vende promessas, ilusões engarrafadas, suspiros em pó. Com mãos que mais parecem alquimia do que ofício, transforma botânica em poder.

A narrativa atravessa banhos públicos e corredores de mármore, revelando uma Roma viva e pulsante. Imperadores, sacerdotisas e comerciantes disputam frascos que prometem controlar corações ou silenciar inimigos. Cada poção é mais que uma fórmula: é uma decisão moral, uma armadilha disfarçada de perfume. Em cada página, o autor insere camadas de história, ciência e tensão. A fronteira entre cura e conspiração se desfaz à medida que as plantas ganham voz e protagonismo.

Raul Cânovas, mestre das paisagens e estudioso da natureza, estreia na ficção com o mesmo olhar atento que aplica aos jardins. Aqui, porém, as sementes são outras: nascem em textos que misturam pesquisa rigorosa e liberdade narrativa. O Mercador de Afrodisíacos não é apenas um romance histórico — é um tratado de sedução, um guia de perigos camuflados, um mapa onde os caminhos não são feitos de pedras, mas de pétalas e segredos. Ler este livro é como abrir um frasco antigo: o conteúdo pode perfumar… ou incendiar.