Em 1947, com apenas 21 anos, Autran Dourado lançou "A teia", sua primeira novela, publicada com recursos próprios pela lendária Edições Edifício, espécie de cooperativa independente de jovens escritores que surgiu na primeira metade do século XX em Minas Gerais. Três anos mais tarde foi lançada sua segunda novela, "Sombra e exílio", já editada por João Calazans. Com este livro ele conquistaria o prêmio Mário Sette e começaria a despontar no cenário literário brasileiro. Em "A teia", um jovem jornalista se muda para um casarão escuro habitado por uma velha, uma moça e uma menina. Aos poucos, ele percebe que um terrível segredo une as três mulheres entre si e as distancia do mundo exterior. Curioso e ao mesmo tempo receoso, atraído pela misteriosa e calada moça, ele vai se envolvendo cada vez mais na macabra teia de relações que envolve aquelas pessoas, até descobrir-se irremediavelmente preso. "Sombra e exílio" narra o drama de Rodrigo, um homem ancorado ao trágico e vergonhoso passado, que não consegue de modo algum esquecer. Essa sombria novela começa quando Luiza, a mulher que o traíra fugindo com o irmão dele, volta à cidade, reavivando um ódio antigo. Impressiona a riqueza de detalhes e a densidade dos personagens criados pelo jovem Autran Dourado, uma clara indicação do caminho que seria percorrido nas décadas seguintes.