Aproximações reúne escritos dispersos de um grande mestre da historiografia brasileira. Fernando A. Novais é conhecido pela parcimônia em publicar, o que soa estranho em tempos de papers ligeiros em profusão no ambiente universitário. Formado em um tempo em que as teses eram longamente amadurecidas, o autor destila em cada escrito, em cada comentário, em cada observação, uma clarividência de que só a verdadeira reflexão é capaz. Essa têmpera foi adquirida com seus professores na Universidade de São Paulo, que conviveram com as primeiras gerações da École des Annales, bem como nos debates com seus colegas no hoje célebre Seminário Marx, geração que teve entre seus integrantes José Arthur Giannotti, Fernando Henrique Cardoso, Paul Singer, Bento Prado Jr. e Roberto Schwarz.
Como diz o subtítulo, estão aqui reunidos Estudos de história e historiografia. Neles, o leitor poderá conhecer sucessivas versões de uma visão verdadeiramente seminal da nossa história, ou seja, a oficina de Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808), obra que provocou e provoca debates até hoje. Numa segunda parte, revemos as trajetórias de figuras-chave como Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado e Caio Prado Jr., este a grande referência para o trabalho de Novais. Fecha o volume uma montagem de cinco longas entrevistas que, segundo Laura de Mello e Souza, “é um dos momentos mais altos de Aproximações, quando o historiador e o professor se alternam para deixar registrado o brilho do raciocínio em desenvolvimento”.