Deste ponto de vista, a sensação com que se fica é a de que "um abraço fatal" une, numa mesma circunstancialidade, actores históricos que a variadíssimos títulos e, desde logo, à luz do seu tempo, surgem como polaridades alternativas e até em comprovada rota de colisão. Como se, de certa forma, Marcelo, Spínola e Amílcar Cabral se entreguem, cada um de per si mas, fatalmente, também em conjunto, à inevitabilidade de resolver Salazar.
À valência do inedetismo da abordagem devem somar-se a abrangência documental da pesquisa e, com maior importância ainda, o cuidado posto na leitura crítica dessa documentação. Condições, em suma, que atestam o contributo de Márcio Barbosa para a renovação dos estudos históricos sobre o Portugal contemporâneo, no âmbito dos quais este Marcelo e Spínola: a missão do fim passa a ocupar, de pleno direito, um lugar referencial. Trata-se, como é óbvio, de leitura incontornável para quem quer que se dedique às temáticas em causa.