Diálogos interessantíssimos é um livro inusitado e poético, feito de 33 conversas travadas entre personagens muito especiais. O franco-brasileiro Gilles Eduar se inspirou num gênero tradicional da filosofia para compor um livro sensível e divertido sobre temas como o crescimento e a passagem do tempo, a espontaneidade da infância e a alegria da descoberta das coisas simples. As conversas acontecem entre o Cachorro e o Açougueiro, o Tiranossauro e sua namorada, o Chinelo Esquerdo e o Chinelo Direito de uma donzela, a Minhoca e o Pescador, a Taturana e o Pulgão, entre outras figuras.
A Cadeira e o Sofá, por exemplo, levam um papo sobre o cansaço da primeira, que está sempre de pé - ela termina por aceitar a sugestão de deitar no Sofá. O Coelho Naftalina e o Gato Curioso conversam sobre a família do coelho, que tem primas de várias cores - e uma delas, a Márcia Jones, é roqueira. A Minhoca despista, com sua lábia, o Pescador que a queria como isca: ela usa maquiagem e o convence que é, na verdade, uma cobra-coral. Numa recriação da história infantil consagrada, o Lobo Mau e Chapeuzinho Vermelho tornam-se amigos: a menina convence o ressabiado Lobo, que teme o Caçador, a passear com ela na floresta.
Além da delicadeza e da poesia presentes na maioria das conversas, há espaço também para questões atuais, como no diálogo entre a Esponja e o Caranguejo Repórter, em que ele insiste em fotografá-la para uma revista, ou na conversa entre o Comprador de Bananas e a Bananeira, que mudou de ramo, passando a produzir maçãs, por "pressão do mercado".