Era o final da primeira quinzena de agosto do 12º ano da era Showa, o equivalente ao ano de 1937 pelo calendário cristão. O navio Naha Maru partia do porto de Naha, incrustado a sudoeste da ilha de Okinawa, a maior do arquipélago de RiyuKiyu, ao sul do Japão, no Oceano Pacífico. Em terra firme, uma multidão acenava com lenços, num dolorido adeus. Pouco a pouco, crescia a distância entre os corações daqueles que ficavam e dos que partiam. Naquele dia, eram muitas as emoções, abertas em um leque que incluía desde a tristeza da separação e a angústia da incerteza, até a esperança de melhores dias. O grupo que permanecia em terra via seus entes queridos se afastando no horizonte, deixando-lhes a sensação de perda, como se caminhassem para um mundo inexistente. O destino: o Brasil, a terra das “árvores dos frutos de ouro”. O navio que zarpara vagarosamente finalmente fundiase no horizonte. Aqueles que permaneciam no convés viam a ilha diluir-se no mar. E muitos amargavam a sensação de que dali para diante estariam por sua própria conta. No seu íntimo, sentiam que, para a grande maioria deles, talvez fosse uma viagem sem volta. Este livro conta a saga de Kaná e sua família, no início da era de Emigração do povo de Okinawa-Japão para o Brasil.