O cinema é ou não uma linguagem? Eis um debate que vem ocupando a crítica nos últimos anos, a tal ponto que, pode-se dizer, já se tornou tradicional, sem·que o tema esteJa totalmente esgotado. Muito ao contrário. Mais do que nunca, cumpre repensá-lo, quer pelo vulto das novas aportações teóricas, quer pelo caráter nevrálgico dos itens suscitados pela discussão. Por isso mesmo, este livro de Christian Metz, um dos debatedores que tem contribuído notavelmente para o. enfoque do problema, assume sentido e valor especiais. Trata-se, em seu contexto, não apenas de mostrar que a significação cinematográfica não pode ser convenientemente analisada se nos prendermos à definição de linguagem como sistema de signos destinados à comunicação, mas também que ela só começa a colocar-se mediante o recurso a noções mais precisas e a sua reinserção no quadro mais amplo das pesquisas semiológicas atuais. Vê-se, pois, que Linguagem e Cinema proporciona dois tipos de relevantes subsídios para a teoria do cinema e seu estudo: de um lado, procura especificar, com rigor, os elementos da indagação e, de outro, na medida em que evidencia não ser o cinema um único sistema sígnico mas vários, ultrapassando, no seu caso, o domínio da significação o domínio do signo, questiona posições firmadas e abre novas perspectivas para. o entendimento da natureza da linguagem cinematográfica.