Que a pesquisadora fizesse parte da ‘família verde-e-rosa’, os moradores do Morro afirmavam como se reivindicassem, via ‘parentesco afetivo’, uma determinada relação de alteridade. Estava ali, na escala das relações pessoais, um modelo prático e de entendimento sobre a inserção da ‘sociedade’ na ‘comunidade’ - um modelo diferente daquele a que nos acostumamos, onde se supõe que a ‘comunidade’ é quem deve ser ‘incluída’, e entenda-se, por uma determinada via. Ali, diversamente, o ‘mestre Cartola’ não haveria de ser um ‘patrimônio cultural’ integrado à ‘sociedade’; era, antes, o próprio ‘patrimônio da cultura nacional’, um patrimônio roubado pela sociedade. Ao mesmo tempo, e em movimento reverso, a ameaça de ‘roubo do patrimônio’ – evocada pelos mangueirenses na presença da pesquisadora - trazia à cena outra imagem das relações interfronteiriças entre ‘sociedade’ e ‘comunidade’. Aquela suscitada, na própria antropologia, quando noções caras à tradição disciplinar são tidas como ‘apropriadas’ pelos discursos não-acadêmicos. Desrespeitando fronteiras e comunidades, contudo, noções como ‘cultura’, ‘patrimônio’, ‘comunidade’, ‘identidade’ e ‘sociedade’ circulavam criando um intrincado agenciamento de sentido. É o que este trabalho buscou destrinchar. Versão revista da dissertação de mestrado defendida em 2006 no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ, o livro dá densidade a esse vocabulário da cultura, salvando-o dos clichês à medida que o articula a uma fina concepção da ‘família verde-e-rosa’.
Código: | 37232 |
EAN: | 9788582650899 |
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