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A Fonte de um Eco-Artista On The Road Bruno, Nobru e Nobrooklyn: colega, amigo e personagem. Sua vida contempla vários paradoxos: ela é uma obra de arte e a arte é sua obra em vida. As páginas a seguir indicam onde acaba a arte e começa o mundo real, ou o contrário? Sua vida estimula o pensamento e seu pensamento é a afirmação da vida. Embora as forças retroativas do poder e da tirania insistam em anular e aniquilar as suas potências de perseverar em sua existência, há uma força desconhecida que guia o coração de um pretenso personagem. Traído pelo arbítrio e vontade de Deus, seu coração busca a paz num mundo movido pela guerra. Seus longos percursos pelas estradas, rodovias, mares e montanhas do Brasil nada mais são do que viagens de autoconhecimento para compreender os desígnios e sinais da natureza. Mas de todas as suas aventuras relatadas na sua autobiografia, nenhuma foi maior do que escrever a sua própria história. A façanha de abrir o livro da sua vida é uma sinceridade arriscada em tempos de esfacelamento do self. É uma ousadia de estar num lugar desconhecido, com novos dilemas diante de velhos lugares-comuns com velhas pessoas normais. Retornar a sua consciência é uma tentativa de conservar a sua própria sanidade mental ou, se preferir, a sua salvação pagã. Dar forma a sua própria identidade num discurso dirigido ao outro, promove ao leitor a condição de diretor de sua consciência. É uma espécie de confessionário literário-poético. A inquietude e espanto diante da vida movem e destinam os homens em direção ao reencontro de si, não importando se supõe o desencontro. O que interessa é a coragem de enfrentar os dragões que nos inspiram paixões tristes. Sou testemunha de que esse livro foi vivenciado e escrito na raça e na solidão. Não existe maior solidão do que sentir algo que não pode ser compartilhado. É um ato de generosidade doar-se por inteiro. Sinto-me honrado de colaborar com o projeto de vida do meu amigo Bruno, que me foi confiado e confidenciado. Obrigado, meu amigo.
Felipe Salgado
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Bruno Carelli é morador do subúrbio do Rio de Janeiro, dono de uma personalidade forte e um tanto questionadora, que, desde a sua juventude, refletiu sobre os percursos sinuosos e conflitantes que resolvera trilhar. Criado numa família classe média de pouca estrutura, vê-se obrigado a entrar precocemente no mercado de trabalho e, apesar de um adolescente trabalhador, pouco apega-se à questões materiais, contrapondo-se aos interesses familiares.
Formado Jornalista e Guia de Ecoturismo, sua vida de percalços não acontece somente nas estradas, mares ou montanhas, mas no cotidiano urbano e na sua rotina diária. A fuga para as drogas e a busca pelo autoconhecimento em lugares inóspitos deu-se de forma natural, no intuito de encontrar prazer e diversão para uma vida um tanto atribulada. Os desafios se tornaram constantes e sua juventude alternativa foi um marco para que se tornasse um homem singular, de pulso firme e de raros pudores.
Em meio à sua trajetória libertina conhecera Tatiana, jovem do interior que lhe transmitiu amor e a valorização do seu caráter, levando-o a ter novamente uma vida regrada e de razoável convívio social.
Ainda assim, a estabilidade emocional não lhe era constante e, vez por outra, viu-se pressionado pelas forças do sistema capitalista, que insistiam em minar sua desejada paz.
Ao dar um desfecho em seu caso de amor, Bruno retorna a uma vida intensa e boêmia, numa saga em desafiar-se constantemente, desconhecendo qualquer limite ou rédeas a respeitar.
Diante da ausência dos genitores, sua tábua de salvação encontra-se pelo nome de Julieta, sua avó materna. Numa relação de amor irrestrito, Bruno retorna para os braços de alguém que o ampara e lhe dá novo sopro de esperança.
A perseverança em desvendar os desejos ocultos dos pais se desenvolve durante toda a trama e, durante o curso de Jornalismo, lança-se num processo investigativo mais profundo, a fim de revelar o que o levou à condição de filho desnaturado.
Ao imaginar que poderia mudar os rumos daquela relação quebradiça, sua impotência vem à tona novamente, ao esbarrar na ausência de credibilidade e nos valores enviesados.
Entre cobras e serpentes Bruno reinventa-se naturalmente, e, firme no seu propósito, segue sem ceder à tirania dos inquisidores, fazendo valer seu espírito livre e correto. Durante três décadas de existência, jamais desistira de nadar contra a corrente e lutar por ideais que considera inegociáveis para manter sua mente liberta e sã.
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