“Era uma vez três porquinhos...” – assim começa uma história popular recolhida há cerca de 200 anos. Todo mundo a conhece. Esta e outras das chamadas “histórias de fadas” povoam, há séculos, o imaginário infantil. Diane Valdez, em Os Três porquinhos Caititus e o Lobo-Guará, atualiza e parodia o conto europeu. A atualização consiste numa adaptação dos fatos e das circunstâncias mais próximas do leitor e da paródia, numa inversão de fatos e de papéis, provoca riso. A inversão em clima de paródia também se estende aos personagens. O paradigma dos três porquinhos ingênuos perseguidos por um lobo feroz converte-se no seu contrário. Aqui, o lobo-guará (primo distante daquele lobo mau europeu) é dotado de uma paciência de Jó, enquanto os três irmãos infernizam sua vida com todo tipo de provocação. As agressões que ele fará, portanto, serão revides, jamais ataques gratuitos. As simpatias do leitor, nesse novo contexto, ficam todas com o lobo – um lobo muito mais próximo do cão domestico do que da fera selvagem. A atualização que reforma o conta traz, como nota mais original, a regionalização. Enfatiza-se o regime de duas estações, a da seca e das chuvas, próprias do Centro-Oeste brasileiro.